O Retorno de “o Diabo Veste Prada”

Poucos filmes conseguem traduzir, com tamanha precisão e ironia refinada, os bastidores da moda quanto O Diabo Veste Prada (2006). Um clássico instantâneo que, ao longo dos anos, migrou do status de entretenimento pop para referência estética e cultural, símbolo máximo de uma indústria que se reinventa sob pressão constante. Quase duas décadas depois, a sequência finalmente está em produção. O Diabo Veste Prada 2 chega aos cinemas em maio de 2026 e promete não apenas revisitar personagens icônicos, mas refletir um novo momento da moda, estratégico, globalizado e, acima de tudo, em transformação.

 

A Trama: Poder, Publicidade e a Crise das Publicações Tradicionais

Baseado em Revenge Wears Prada (2013), sequência do romance de Lauren Weisberger, o enredo do novo filme reflete uma realidade que o setor editorial de moda conhece bem: a erosão das revistas impressas diante da força das plataformas digitais. Miranda Priestly, interpretada com maestria por Meryl Streep, precisa agora adaptar seu império editorial a um novo paradigma econômico e cultural. Para isso, será obrigada a se aliar à ex-assistente Emily (Emily Blunt), agora uma executiva de prestígio em uma poderosa maison de luxo. Andy Sachs (Anne Hathaway) também retorna, consolidada e com estilo próprio. A narrativa, portanto, entrelaça os temas da obsolescência midiática, reinvenção de carreira e os delicados jogos de poder que sempre definiram a indústria.

O elenco original se mantém quase intacto, com Stanley Tucci como Nigel, o braço direito de Miranda, e a entrada de nomes como Kenneth Branagh (marido de Miranda) e Simone Ashley (estrela de Bridgerton), além de participações especiais de Ciara e Ashley Graham. O lançamento está previsto para 1º de maio de 2026, estrategicamente posicionado na véspera do Met Gala, maior evento do calendário fashion internacional.

 

Figurino: Alta-Costura, Vintage e Sofisticação Estratégica

Moda não é coadjuvante em O Diabo Veste Prada 2, ela é o enredo. Desde as primeiras imagens do set, observa-se uma curadoria impecável que mescla alta-costura contemporânea, peças vintage e nomes consagrados do design internacional. Anne Hathaway exibiu conjuntos de Jean Paul Gaultier, Sacai, Gabriela Hearst e Prada, além de acessórios da Coach e jóias de Jemma Wynne. Meryl Streep, por sua vez, dominou a cena do Met Gala com um vestido escarlate dramático, que evoca as criações de Carolina Herrera ou do novo Balenciaga sob Pierpaolo Piccioli, ainda sem confirmação oficial.

Os looks revelam uma mudança sutil, porém crucial: as personagens agora não são apenas consumidoras de moda, mas figuras que moldam tendências e detêm capital simbólico. Andy, por exemplo, ostenta um mix sofisticado de peças de Gabriela Hearst e Phoebe Philo, enquanto Emily adota a alfaiataria precisa da Dior e Wiederhoeft. As escolhas refletem a ascensão do quiet luxury, uma estética menos óbvia e mais ligada à identidade e propósito de marca.

 

Moda como Poder: A Nova Runway

O elemento simbólico mais poderoso, no entanto, é o retorno de Andy à Runway. Fotografada com a clássica sacola da revista e um vestido Gabriela Hearst, Andy parece ter assumido um novo papel, talvez não mais como assistente ou oponente de Miranda, mas como sua igual ou sucessora. O filme, assim, projeta a moda como um campo onde o poder circula, se adapta e se reinventa, sempre em busca de relevância.

A equipe criativa original também está de volta. David Frankel dirige, Aline Brosh McKenna assina o roteiro, e rumores apontam Molly Rogers (de Sex and the City) como responsável pelo figurino. Trata-se, portanto, de uma produção que entende a importância de consistência estética e legado, dois valores centrais tanto no cinema quanto na moda.

 

O Diabo Está nos Detalhes

O Diabo Veste Prada 2 não é apenas uma sequência nostálgica. É uma leitura atualizada de uma indústria em movimento, onde reputação, relevância e reinvenção caminham lado a lado. Mais do que isso, é uma oportunidade rara de observar como o cinema pode traduzir, com precisão cirúrgica e ironia elegante, os códigos visuais e simbólicos que definem o mundo da moda contemporânea.

Em 2026, Miranda Priestly não estará apenas ditando tendências, ela estará redefinindo o que significa ter poder no universo da moda. E, como sempre, isso não é uma pergunta.

Especialista em Desenvolvimento de Negócios de Moda e Líder de Produto & Merchandising, Aline tem mais de 15 anos de experiência no mercado, atuando em grandes marcas como Shein, Amaro, Bob Store e Siberian.

Somos uma consultoria especializada em fashion business que de forma estratégica une criatividade, inteligência de mercado e excelência para impulsionar negócios de moda de forma integrada.

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