
Michael Rider de volta à Celine
Michael Rider está de volta à Celine, e sua estreia como diretor criativo está dando o que falar. O designer, conhecido por seu toque mágico que revitalizou a Polo Ralph Lauren, agora desembarca em um território familiar, mas com a pressão de um holofote global. Prepare-se para desvendar a “salada mista” de referências que ele trouxe para a passarela, mesclando o legado da marca com sua própria visão única.
“Um Reencontro com o Passado.
Uma Mistura de Gênios e Estilos”
Em Paris, o clima era de celebração e alívio para Rider após seu primeiro desfile. Assumir o comando criativo de uma grife de luxo é um desafio e tanto nos dias de hoje. A pressão das redes sociais e a volatilidade do mercado exigem um desempenho impecável. Mas, vamos aos fatos: a coleção tem tudo para ser um sucesso comercial.
Com uma variedade que vai da alfaiataria cool e lenços de seda a bolsas desejo, jóias e peças masculinas, a Celine sob Rider oferece algo para todos. A grande questão, no entanto, é se essa avalanche de produtos se traduz em uma visão criativa coesa. Afinal, sem uma narrativa forte, produto é só produto.
Para entender a mente por trás da nova Celine, é preciso voltar um pouco no tempo. Antes de brilhar na Polo Ralph Lauren, Michael Rider foi um dos braços direitos de Phoebe Philo na própria Celine. Seu retorno ao icônico QG na Rue Vivienne, onde ele já trabalhou, é um verdadeiro “lar, doce lar”.
E foi nesse palco familiar que ele apresentou sua “salada mista”, uma fusão intrigante de suas experiências anteriores com as diversas fases da Celine. Desde a fundadora Celine Vipiana, que em 1968 transformou a marca de uma casa de marroquinaria para um império de vestuário, até os mais recentes diretores criativos, a história da Celine foi revisitada.

Um Banquete de Estilos e Referências
O desfile de Rider foi um prato cheio para os amantes da moda:
A “Velha Celine”: Blazers com ombros marcados, casacos volumosos e clássicos repaginados, com um toque de abotoamento abstrato.
A Era Hedi: Jeans skinny, blusões estilosos, blazers ajustados e aquela pegada “burguesa parisiense” que Hedi Slimane dominou com maestria.
O Toque Michael Kors: Detalhes decorativos que remetem ao período de Michael Kors na marca.
A Força da Polo: Injeções poderosas do estilo preppy americano, com camisas de rúgbi vibrantes e suéteres coloridos, que claramente vieram da sua experiência na Polo Ralph Lauren.
Apesar de todas as referências americanas, o que mais brilhou na passarela foi a inconfundível “nonchalance” francesa, aquele ar de elegância sem esforço que só os franceses conseguem.






Estilo Acima da Silhueta
O diferencial de Rider, e aqui ele se alinha a nomes como Jonathan Anderson na Dior, é sua obsessão pelo estilo e pela atitude, em vez de focar apenas na silhueta e no design individual das peças. Ele se concentra em como as roupas são combinadas e usadas, valorizando o conjunto em vez do item isolado. Isso permite que o produto seja o protagonista sem cair na armadilha do exagero.
Simplificar a forma como o styling é apresentado pode ser a chave para desvendar a clareza dessa nova visão. E você, o que achou dessa “salada mista” de Michael Rider na Celine?
Aline Schambakler
Especialista em Desenvolvimento de Negócios de Moda e Líder de Produto & Merchandising, Aline tem mais de 15 anos de experiência no mercado, atuando em grandes marcas como Shein, Amaro, Bob Store e Siberian.