
Tarifas de Trump: O Que Está em Jogo para a Moda Global e o Brasil
As recentes ameaças tarifárias do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, voltaram a lançar uma sombra de incerteza sobre a indústria da moda. A cada novo anúncio ou recuo, o setor global se vê obrigado a recalibrar estratégias diante de um cenário geopolítico volátil e de cadeias produtivas cada vez mais interconectadas. Mas, afinal, o que essas movimentações representam para o mercado da moda mundial, e, especialmente, para o Brasil?
“Uma Nova Era de Incertezas para a Moda Global”
A política comercial imprevisível da gestão Trump tem criado um verdadeiro jogo de “luz vermelha, luz verde”, dificultando qualquer planejamento de médio ou longo prazo. O anúncio das novas tarifas para 1º de agosto trouxe para os varejistas do Brasil um sentimento de preocupação. Países como Japão, Coreia do Sul, Indonésia, Tailândia e Bangladesh já enfrentam alíquotas mais altas, enquanto o bloco dos BRICS, incluindo o Brasil, e outras nações consideradas “antiamericanas” estão na mira de novas imposições.
Para a indústria da moda internacional, os efeitos dessa instabilidade são profundos.
Custos em Ascensão
O impacto direto das tarifas recai sobre o preço das matérias-primas e produtos acabados. Com isso, empresas enfrentam margens de lucro comprimidas e a necessidade de repassar aumentos ao consumidor. Marcas como Nike projetam perdas de até US$ 1 bilhão, enquanto grupos como Gap Inc., PVH e Abercrombie & Fitch preveem prejuízos milionários.
Cadeias de Suprimento Voláteis
A imprevisibilidade nas tarifas dificulta decisões de produção e compra. Produtos encomendados para temporadas futuras, como o período de festas, correm o risco de enfrentar encargos punitivos. Essa incerteza mina investimentos e compromete a eficiência operacional.
Estratégias de Mitigação com Alto Custo
Frente ao cenário, muitas marcas têm apostado na diversificação de produção, deslocando operações da China para países como Vietnã, Índia e Bangladesh. Mas essa estratégia traz consigo novos desafios: maiores custos logísticos, adaptação a legislações locais e riscos operacionais.
Pressão nas Margens e no Preço Final
Enquanto plataformas de ultrafast fashion como Shein e Temu já começaram a repassar os custos aos consumidores, redes como Urban Outfitters, Gap e H&M têm absorvido parte do impacto. No entanto, essa postura não é sustentável a longo prazo e os aumentos de preço devem, inevitavelmente, se refletir nas vitrines.
Riscos Geopolíticos Intensificados
Tensões em pontos estratégicos como o Canal do Panamá, Mar Vermelho e Estreito de Ormuz ampliam os desafios logísticos e elevam o risco de interrupções em rotas comerciais vitais.


E o Brasil, Onde Entra Nessa Equação?
Como integrante do BRICS, o Brasil foi explicitamente citado como possível alvo de tarifas adicionais de até 10% por parte de Trump. Para a indústria da moda brasileira, que vinha sendo vista como alternativa à produção chinesa, a notícia impõe uma reavaliação estratégica.
Ameaça às Exportações
Se implementadas, as tarifas podem tornar as exportações brasileiras para os EUA menos competitivas. Empresas com presença significativa no mercado americano, como a Azzas 2154SA (proprietária da Farm Rio), já sinalizaram retração nas exportações para o país, evidenciando o impacto direto da insegurança.
Freio nos Investimentos
A incerteza inibe a expansão internacional. Empresas brasileiras que miravam no mercado norte-americano precisam, agora, recalcular rotas e considerar novos destinos, o que demanda recursos, tempo e adaptação.
Impacto na Cadeia Produtiva Interna
Mesmo com um parque fabril robusto, o Brasil não está imune aos efeitos indiretos da crise. Reduções nos pedidos de marcas internacionais podem afetar fornecedores locais e gerar um efeito dominó na cadeia.
Alto Custo da Diversificação
Buscar novos mercados não é simples. Exige adaptações regulatórias, investimentos em logística e estratégias comerciais personalizadas, uma equação nem sempre viável para todos os players do setor.
Vulnerabilidade Ampliada
A inclusão do Brasil no alvo de políticas protecionistas dos EUA o coloca na linha de frente de uma possível guerra comercial global. Isso expõe o país a riscos que extrapolam seu controle direto e reforça a necessidade de acordos comerciais mais robustos.
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As ameaças tarifárias de Trump não são apenas um ruído político, elas têm implicações reais e sistêmicas para a indústria da moda. Globalmente, elas elevam custos, tensionam cadeias produtivas e desafiam modelos de negócio já fragilizados. Para o Brasil, representam tanto um entrave às exportações quanto um sinal de alerta sobre a dependência de mercados externos instáveis.
Em um mundo em constante reconfiguração, a moda precisa de mais do que criatividade: precisa de estabilidade, previsibilidade e acordos comerciais sólidos. O futuro do setor, no Brasil e no mundo, dependerá, mais do que nunca, da capacidade de adaptação estratégica e da leitura ágil do cenário político global.
Aline Schambakler
Especialista em Desenvolvimento de Negócios de Moda e Líder de Produto & Merchandising, Aline tem mais de 15 anos de experiência no mercado, atuando em grandes marcas como Shein, Amaro, Bob Store e Siberian.
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